segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Vocês sabem lá.

Vocês sabem lá o que é o amor. Eu também não sei. Mas já o vi, disso tenho a certeza. Não sei o que é o amor, mas sei que já o vi.

Assisti ao amor dos dois lado. Do lado A e do lado B. Metade em Angra, metade em casa. Metade do avô, metade da avó.
Achava que sabia o que era o amor, o que era gostar de alguém, o que era ter saudades. Não sei. Nem um pouco.
Amor é ter saudade por estar a 20km e não saber como o outro está. E chorar por isso. Depois de 54 anos de casamento.
Amor é não ter vergonha de contar que chorou quando a meio da noite estendeu a mão e a outra metade da cama estava vazia.
Amor é pensar no outro quando não se tem forças para pensar em si.
Amor é isso. E não sabia. Aliás, ainda não sei. Mas já vi como é. É ver alguém todos os dias durante meio século e ficar com saudades por estar longe um dia.

Um dia quero saber. Daqui a 50 anos.

Vocês sabem lá...
Eu também não.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Sem título.

O sono escasseia e as ideias passam a correr.
Não tenho grande sentido a dar às palavras que fluem desde a cabeça até à ponta dos dedos. Elas saem e hão-de dar sentido a elas mesmas. Sempre foi assim. Sempre me parece, depois, que não tinha sido escrito por mim.
A música que faz cada partícula de ar vibrar, entra-me pelos ouvidos, sem tomar grande sentido, sem surtir grande efeito. Não provoca qualquer reacção. Não se canta, não se assobia, não se faz nada.
Continuo a procurar um sentido para estas palavras, mas não encontro. Por muito que queira.
Um dia as ideias que me passaram da ponta dos dedos para o ecrã hão-de sair. Não agora, um dia.

Chego ao ponto em que me estou a cagar para isto. Há-de fazer sentido, algum dia. Não agora. 

Boa noite, vou dormir.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Pó.


Directamente do baú. cheia de pó...

Tirana.

O que me assusta no cancro não é a morte anunciada, quando o caso é terminal. O que me assusta é o sofrimento que traz. A quem padece, como a quem acompanha.

A minha avó, a chorar a morte do filho, sussurrava "doença tirana". 
Acho pouco. É uma doença filha da puta.


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Lisboa.


A revirar no baú, encontrei esta. É da mesma sequência da que está no topo do blogue.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Faroeste.

Havia um puto que vivia numa qualquer aldeia à beira d'um deserto. Esse puto não batia bem da mona. Nem um bocadinho.
As pessoas das redondezas já sabiam com o que contar, já sabiam que tinham de atravessar para o outro lado da rua quando o vissem, já sabiam que vinham problemas a descer a rua.


Lembro-me como se fosse ontem, cheguei àquela pequena aldeia, onde custava respirar, de tão seco que o ar era. As casas quase que se contavam pelos dedos, haviam de ser pouco mais que trinta, um posto de correio, uma pequena mercearia e o casebre do xerife. Havia um poço lá pelo meio. Todas essas casas davam um aspecto de avenida à única rua que compunha a aldeia. À volta, a paisagem árida, nuns tons esbranquiçados por causa do sal que sobrara do antigo lago que secou, ainda fazia a respiração pesar mais.
Eu, novato naquelas andanças, transpirava em bico. A cera do cabelo já descia a testa, misturada no suor, e queimava nos olhos.
Ouvia os poucos habitantes a bisbilhotar sobre o novo habitante. Olhavam-me de lado, como se fosse um enviado do diabo. Pobre de mim, que estava ali apenas para ver se encontrava algum vestígio dos dinossauros que por ali tinham andado há milhões de anos. Avizinhava-se uma fase fodida na minha vida.

Já lá andava há umas semanas, e já tinha descoberto três zonas que podíamos vir a escavar. Afinal as coisas corriam melhor do alguma vez tivera pensado.
Lembro-me que ia para casa, o sol já se estava a esconder. Via-se um céu alaranjado, e a lanterna que levava na mão alumiava o chão à minha frente. Viam-se uns cinco metros, não mais que isso. Comecei a ouvir uns passos que se aproximavam. Não levantei a luz para ver quem era, porque é má educação apontar luz à cara das pessoas. Devia tê-lo feito. Choquei ombro com ombro num gajo qualquer, ambos vira-mo-nos para as nossas esquerdas e fita-mo-nos olhos nos olhos. O cabrão.
Continuei a andar. Comecei a aperceber-me que ele não. Voltei a olhar, e ele continuava parado a olhar para mim. O cabrão.
No dia seguinte, na casa de um vizinho, que servia de taberna, comentei o que aconteceu, e logo os dois velhotes que lá estavam levantaram a cabeça e ficaram a olhar-me. Não estava a perceber. Falaram-me do puto. Do ressentimento que acartava. Da história que o perseguia. Não era bonita.
Não imaginava a quantidade de problemas que a porra da boa educação me ia trazer. Devia ter levantado a merda da luz. Fuck...

(Até pode ser o inicio de uma história porreira, mas para já não me apetece escrever mais...)

A melhor teoria.

Pode não ser a melhor teoria de sempre, mas foi a que mereceu mais atenção por parte de quem visita o blogue.
Falo da teoria do Fiat 500.

Explicável.

Isto tem estado inexplicavelmente parado. Inexplicavelmente.
Tem havido tanto de novo. Tem havido muitas coisas absolutamente anormais a passar-se. Tanto que o anormal tornou-se numa coisa normal.
Fosse eu um artista e tinha pintado uns quantos quadros ou escrito um grande livro, com a infinidade de coisas que me passam pela frente.

Tá reaberto.