quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"A arte de ser terceirense", de Victor Rui Dores.


Um dia saí da Terceira, mas a Terceira não saiu de mim. Gosto incondicionalmente desta ilha, porque foi aqui que dei os passos decisivos da minha vida.
A Terceira é muito mais do que o Monte Brasil, o Castelo de S. João Baptista, o Algar de Carvão, a Serra do Cume, a Base das Lajes, o jardim Público de Angra de Heroísmo ou o vasto areal da Praia da Vitória. Esta ilha não é só a alcatra, a belíssima doçaria conventual ou o delicioso vinho dos Biscoitos. A Terceira é um estado de espírito, um modo de ser, um sentimento. Talvez de amor. Porventura de paixão. Certamente de afeto.
O terceirense cultiva a alegria, é acolhedor e comunicativo, vibrante e afável, sincero e solidário. Ele é a sentinela de atalaia ao seu passado histórico e heróico, revelando um pátrio amor à sua ilha. E é óbvio: o terceirense orgulha-se da sua "muito nobre, leal e sempre constante cidade de Angra", de cunho senhorial e bela traça renascentista, duas vezes capital do Reino, porque aqui já foi só Portugal: na resistência ao domínio filipino, e durante as lutas liberais. Hoje Angra do Heroísmo é património mundial e capital histórica e cultural dos Açores.
Contrariamente ao micaelense, mais afeito à tristeza dos romeiros da Quaresma ou à carga penitencial do culto de Santo Cristo, o temperamento do terceirense é lúdico e dionisíaco.
Com efeito, não conheço povo mais exuberante, festivo e festeiro. A sociabilidade é, na Terceira, uma arte com refinado estilo. O terceirense atira-se de alma e coração ao convívio. Mais do que qualquer outro açoriano, ele tem um espírito festivo. E a alma da Terceira encontrou no toiro embolado e amarrado pelo pescoço o pretexto para a festa, sobretudo o 5º toiro... Sim, a tourada à corda é a festa coletiva da ilha Terceira e é o espaço de todas as conversas, de todos os afetos e de todos os reencontros.
Quem é da Terceira faz a festa não para a interpretar, mas para a viver. Identifica-se incondicionalmente com a festa taurina (touradas de corda, de praça e "espera de gado"), e com as festividades do povo e para o povo: as festas do Espírito Santo, o despique das cantorias, a comicidade hilariante dos bailinhos de Carnaval, o frémito das Sanjoaninas e das Festas da Praia e tudo o que sejam eventos religiosos e profanos. O que ele quer é festa porque a festa está-lhe na alma e corre-lhe nas veias. E o seu amor é "firme e constante", como diz a moda regional. Gosta de música e de teatro popular e, entre folias e folgas, prefere as folgas...
De resto, a Terceira, ilha agropecuária, é a hospitalidade da porta aberta e luz acesa - a casa aonde chego, vou abrindo e entrando: "Dão licença"? Resposta: "É entrar p´ra dentro". Como eu gosto e me identifico com esta brava gente da fraterna simpatia: os Andrades, os Barcelos, os Bettencourts, os Bretões, os Borbas, os Borges, os Coelhos, os Cotas, os Coutos, os Drummonds, os Fagundes, os Fourniers, os Godinhos, os Linhares, os Machados, os Martins, os Mendes, os Menezes, os Monjardinos, os Noronhas, os Pamplonas, os Pains, os Parreiras, os Regos, os Rochas, os Sieuves, os Silvas, os Sousas, os Valadões, os Vieiras, entre muitas outras famílias terceirenses.


Como eu gosto e me identifico com esta brava gente da fraterna simpatia
Mas o "rabo torto" também tem lá as suas artimanhas: é pagão quando lhe interessa e religioso quando lhe dá jeito... No seu estudo "O Açoriano e os Açores" (1), escreve Vitorino Nemésio: "O que no micaelense é aspereza, índole tenaz mas tosca, no terceirense é amenidade, alguma manha, e principalmente uma bizarria que trai a coabitação com o castelhano durante meia centúria". Ou seja, o terceirense tem as qualidades dos seus defeitos...
Dotado dessa "bizarria", o terceirense é galante, tem um jeito marialva e resquícios de alguma nobreza perdida. Um ditado açoriano muito antigo assim reza: "S. Miguel, burgueses ricos; Terceira, fidalgos pobres; Faial, contrabandistas espertos".
E as terceirenses? São afoitas e literalmente bonitas, aliás, a Terceira tem justa fama de possuir as mulheres mais belas dos Açores. É discutível, mas é verdade. No Verão de 1924, tirando notas para o seu magnífico livro As Ilhas Desconhecidas (2), Raul Brandão fala da beleza da mulher terceirense nos seguintes termos: "Foi aqui que vi as mais lindas figuras de mulheres dos Açores - tipos peninsulares, de cabelos negros e olhos negros retintos".
(Vai para 40 anos que também eu, na "ilha de Jesus", me apaixonei por uns olhos negros, negros...).
Posso estar muito enganado, mas sinceramente continuo a achar que o melhor que a Terceira tem são os terceirenses.


                                                                        
(1)   Sob os Signos de Agora, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1995.
(2)   Edição de Artes e Letras, Nova Gráfica, 2009.
por: Victor Rui Dores

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sem título.

Com toda a certeza que fazemos regularmente descobertas bastante úteis para o futuro.

A minha hoje foi de que numa tourada à corda o importante não é correr mais do que o touro, é correr mais do que o gajo que vai ao lado.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Bang.

De uma coisa não tenho dúvidas. Quanto mais bonito se parece, mais feio pode ficar.
Falando curriqueiramente, quanto mais alto, maior o tombo; quanto "mais grande", maior a queda.
Não dúvido que seja muito bom estar no meio do oceano com tempo calmo, mas haverão sempre mares revoltos.

Não escrevi isto com nenhum intuito em especial, apenas com o medo de que quanto melhor correm as coisas, pior será se começarem a correr mal.

E pelo que sei, aplica-se a tudo.

BTW, já passei as 10.000 visitas. Obrigado.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

domingo, 29 de julho de 2012

Lagoa do Fogo.

Visto que agora trabalho em São Miguel, tenho aproveitado para conhecer melhor a ilha. Hoje desci com dois amigos até à Lagoa do Fogo. Ficam duas panorâmicas que a minha máquina de bolso trouxe de recordação.


terça-feira, 10 de julho de 2012

Estúpido.

Acho que a inteligência é directamente proporcional à capacidade de ser estúpido. Quanto maior a inteligência maior a probabilidade de fazer algo estúpido e, logo, tornar-se estúpido.
Vejamos, uma pessoa qualquer que não deve muito à inteligência (vulgo "nabo"), faz coisas estúpidas o tempo todo, não deixando lugar para que se cometa uma estupidez grande, não deixa lugar para a preparação de uma estupidez grande. Alguém que deve bastante mais à inteligência passa a maior parte do tempo sem ninguém dar por ele até que comete um erro estúpido e se torna um grande estúpido, maior que qualquer outro.
Um exemplo prático é o do Miguel Relvas. Acho-o um tipo muito inteligente, acho que tem feito bem o seu trabalho, até que cometeu uma estupidez. Há uma data de anos. Apesar de ser muito inteligente, passou a ser o mais estúpido de todos. Justa ou injustamente.
Estúpido também sou eu, que apesar de estar a ouvir a água a saltar da panela continuo a escrever este texto sem nexo. Mas eu, eu sou um estúpido dos pequeninos...

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Sem título.

Odeio mais perder do que gosto de ganhar...

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Oh you...


Yup internet, é ai que estou...

Sem título.

No outro dia, sem razão aparente lembrei-me que um dia qualquer, antes da crise, li numa revista qualquer que o estado da Califórnia se fosse independente seria a 7ª economia mundial.
Sim, também pensei porque raio me fui lembrar disso...

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Damn.

Nestes últimos dias tenho tido uns problemas com a net. Não está nada fácil.
É estúpida a dependência que tenho disto. Chego ao ponto de andar a fazer refresh de 5 em 5 minutos. Desesperado e frustrado.
Logo que vem a net, utilizo-a por 2 minutos e fico a anhar. Mesmo a anhar.
É como uma droga, dá uma vontade irracional.

Vendo bem, estes dias tem sido quase como um tratamento.

Até já.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Piece of art.


Sem título.

Isto tem andado tudo de pantanas. O blogue não morreu. Nem eu.
No ultimo mês tive demasiado que fazer para que sobrasse algum tempo para vir cá escrever ou sequer postar uma foto...
Embalei tudo o que tinha em meia dúzia de caixotes, despedi-me de todos os meus amigos que me acompanharam em Lisboa nestes últimos 4 anos, voltei à Terceira mais meia dúzia de dias e finalmente vim parar a Ponta Delgada, por onde vou ficar 4 meses...
Tenho lido como já não lia faz tempo. Pode ser que a vontade de escrever volte...
Ah, e de uma coisa tenho a certeza: São Miguel vai-me dar muitas fotos bonitas.

Até um dia destes.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Limite?



Geralmente o limite está muito acima de onde achamos que ele está.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sem título.

Não se tem feito nada. Escrito ou fotografado.
Muita praxe, muita festa, muita música, muito para fazer.
Muito para fazer e tão pouco tempo.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

NBA - Palyoffs.


A época regular da NBA não correu de uma forma muito diferente da que eu tinha pensado.
Previsões para a época regular.
Na conferência Oeste temos os Spurs campeões, tendo ficado os OKC em segundo, invertendo as posições em relação ao que pensava. Os Lakers apesar de terem começado devagar acabaram por fazer um campeonato bastante confortável. Os Grizzlies, tal como esperava, fizeram uma época à imagem da anterior: a jogar bem e com resultados muito bons. Em quinto lugar ficaram os Clippers, para mim a equipa que mais espectáculo deu: os passes de CP3 e os afundanços de BG maravilharam os fãs. Na sexta posição ficaram, surpreendentemente, os Nuggets, que apesar de não contarem com nenhuma super-estrela fizeram uma grande época. Atrás vieram os campeões da época anterior, os Mavericks, que mesmo em baixo de forma conseguiram o merecido apuramento para os Playoffs. No oitavo lugar ficou a única equipa que falhei na conferência, pois tinha apostado no Minnesota (tenho a certeza que se o Ricky Rubio não se tivesse lesionado teriam conseguido...) e os Jazz é que se apuraram.
Na conferência Este os Bulls foram campeões, um resultado bastante justo pois foram a equipa mais regular. Em segundo uns Miami que tinham obrigação de ganhar, tendo em conta o plantel com que contam. Em terceiro uns surpreendentes Indiana, que realização uma excelente temporada. Na quarta posição os Celtics, que apesar de um plantel envelhecido conseguiram mais uma vez chegar aos Playoffs. Na quinta posição os Hawks, na sexta Orlando, e na sétima os Knicks, três equipas que tinha ideia de que iriam passar e que até realizaram épocas abaixo da sua capacidade... Em oitavo ficaram os Sixers, equipa que achava que não ia passar. Ficaram de fora os Nets e os Bobcats duas equipas que realizaram épocas miseráveis, principalmente os segundos, tendo ficado com o pior registo da época.


Num campeonato composto por 30 equipas consegui acertar em 13 das 16 equipas que vão aos playoffs.
O campeão? OKC...

terça-feira, 24 de abril de 2012

Zahir.

Estou a acabar de ler o Zahir, do Paulo Coelho. Faltam umas 30 páginas. É como se estivesse alguém a morrer-me nos braços.

"Quando você partir, em direção a Ítaca,
que sua jornada seja longa
repleta de aventuras, plena de conhecimento.

Não tema Laestrigones e Ciclopes nem o furioso Poseidon;
você não irá encontrá-los durante o caminho, se
o pensamento estiver elevado, se a emoção
jamais abandonar seu corpo e seu espírito.
Laestrigones e Ciclopes, e o furioso Poseidon
não estarão em seu caminho
se você não carregá-los em sua alma,
se sua alma não os colocar diante de seus passos.

Espero que sua estrada seja longa.
Que sejam muitas as manhãs de verão,
que o prazer de ver os primeiros portos
traga uma alegria nunca vista.
Procure visitar os empórios da Fenícia
recolha o que há de melhor.
Vá às cidades do Egito,
aprenda com um povo que tem tanto a ensinar.

Não perca Ítaca de vista,
pois chegar lá é o seu destino.
Mas não apresse os seus passos;
é melhor que a jornada demore muitos anos
e seu barco só ancore na ilha
quando você já estiver enriquecido
com o que conheceu no caminho.


Não espere que Ítaca lhe dê mais riquezas.
Ítaca já lhe deu uma bela viagem;
sem Ítaca, você jamais teria partido.
Ela já lhe deu tudo, e nada mais pode lhe dar.

Se, no final, você achar que Ítaca é pobre,
não pense que ela o enganou.
Porque você tornou-se um sábio, viveu uma vida intensa,
e este é o significado de Ítaca. "

Konstantinos Kavafis

sábado, 21 de abril de 2012

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sem título.

Por vezes as coisas caem do céu. Caem no colo quando menos esperamos. De tal forma que não há como reagir. E a vida dá uma guinada à direita e toma outro rumo completamente diferente. Há que içar as velas e deixar que o vento nos leve.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sem título.

Todos somos pessoas. Nem todos somos gente.

domingo, 15 de abril de 2012

Quero ter um barco só para o poder amarrar a um destes...

Sem título.

Não é uma questão de beleza, é uma questão de interesse.

sábado, 14 de abril de 2012

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Quinta-feira 5.

Podia ter sido uma quinta-feira 5, um domingo 28 ou uma segunda-feira 1. Foi uma sexta-feira 13. Um raio de uma sexta-feira 13. Não sou particularmente supersticioso relativamente às sextas-feira 13. Vejamos: se fosse mesmo dia de azar para todos teríamos um autêntico armagedão. O dia que seria de azar para o piloto do avião tornar-se-ia o dia de azar para todos os que lá estivessem dentro. O dia de azar do Bono Vox seria o dia de azar das 70 mil pessoas que pagaram o bilhete. O meu dia de azar seria o dia de sorte daqueles brownies que tenho escondidos na gaveta. É uma questão de perspectiva. Voltando à minha sexta-feira 13, tive um dia de merda (não costumo usar este adjectivo, mas acho que neste caso qualifica bem o meu dia). No menu que me calhou hoje tive para entrada um atraso a chegar ao trabalho, para beber uma discussão, para prato principal tive o facto de ter falhado duas soldaduras no mesmo aparelho (acabei por deixá-lo para segunda-feira... desta vez quem vergou fui eu, e não o arame...), e para sobremesa veio uma tacinha cheia de chuva, que chegou à mesa mesmo quando ia sair (lá se foi a corrida de final de tarde...e o café logo à noite...). Mas nem tudo é mau. Parece que os brownies também vão ter um bocado de azar hoje. E os que sobreviverem vão ter um péssimo sábado 14.

Espelho da alma.

Consoante avançava pela rua sombria e estreita, murmurava "estou quase em casa, estou quase em casa, estou quase em casa..." inquietantemente. Um passo atrás do outro. Um passo à frente do outro. Cada vez que um qualquer barulho ecoava por entre os prédios altos que aconchegavam a rua por onde passava, o coração parava por um milésimo de segundo, e todos os medos emergiam (os bandidos, os que não são bandidos mas também são más pessoas, os bichos-papões, os cães raivosos, o escuro, o facto de estar ali sozinho), fazendo com que o caminho ficasse mais longo a cada passada. Por entre o fumo que sai dos ventiladores dos bares e do metro, vislumbra um vulto. Um vulto que é grande. Um vulto que passa a ser enorme. Um vulto que se torna gigante. Um vulto que absorve toda a luz da ruela e eclipsa tudo, por breves momentos. Paralisa com medo. O vulto passa por ele como se ali não estivesse. À medida que os som dos passos dados pelo vulto se vai afastando, ele vai recuperando a capacidade de se mexer. Apressa-se. Chega a casa. Em casa está mais seguro: não existem recantos escuros, há luz em abundância, não existem pessoas más nem papões, não existem cães. Sobra apenas um medo: o facto de estar ali sozinho. Sobra apenas um medo: o pensamento de que um dia poderá morrer sozinho.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sem título.

Às vezes é melhor fingir ser ignorante. Né?

quarta-feira, 11 de abril de 2012

terça-feira, 10 de abril de 2012

Vaca.

Noutro dia ouvi este belo ditado: "vaca presa também pasta". Tirem as vossas conclusões.

Bah.

Apetece-me escrever. Mas não me apetece escrever nada em concreto... O porquê disto é muito fácil de explicar. Vejamos: a faculdade continua na mesma (não é bem faculdade, é estágio... mas continua em velocidade cruzeiro...), o Benfica continua a dar-me alegrias e dores de cabeça (esta inconstância faz com que seja extremamente difícil escrever alguma coisa sem que corra o risco de me tornar incoerente na semana a seguir...), as histórias que esporadicamente escrevia teimam em não aparecer (tenho a mente tão poluída com o que se passa nas séries que tenho visto, que não aparece uma única ideia que valha a pena aproveitar... daí ter voltado a ler bons livros...), a pesca não vai andando de todo (o que eu não dava para amanhã poder ir mandar uns tiros nuns peixes...). Vão valendo os passeios por Lisboa e as mil e uma formas que arranjo para matar o tempo. (Agora que acabei de escrever este texto sem nexo, noto um uso estúpido e excessivo de reticências. Nevermind...)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Adeus Lisboa.

Um cruzeiro a dizer adeus a Lisboa...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

sábado, 24 de março de 2012

quinta-feira, 22 de março de 2012

Sem título.

Algumas pessoas devem ter tirado a carta de condução numa escola de música. Apitam, apitam, apitam...

quarta-feira, 21 de março de 2012

terça-feira, 20 de março de 2012

Sem título.

Se não estiveres por nada, cairás por qualquer coisa. (If you don't stand for something, you'll fall for anything)

segunda-feira, 19 de março de 2012

Sem título.

Há sempre aquela fonte de inspiração, donde brotam todas as ideias do mundo. Normalmente não é saudável canalizar essas ideias, para bem do mundo. A imagem que surge porque sim, a música que aparece porque sim, as palavras que se escrevem porque sim. Fica feito um álbum, uma mixtape e um livro em menos de tempo algum. Todos temos uma Calíope.

domingo, 18 de março de 2012

Sem título.

O problema de fazeres coisas estúpidas é que essa estupidez depois volta para ti e dá-te um murro na cara.

Sem título.

Sem dúvida que há pensamentos que devemos guardar para nós mesmos a sete chaves. Cada vez que digo alguma parvoíce e fica um silêncio estranho tenho a certeza disso.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Chuva.

Por entre os raios que caiam do céu, corria desenfreadamente contornando as poças que lhe apareciam diante dos pés. Fazia tempo que não chovia. Já tinha passado uma eternidade desde que chovera daquela maneira. As ruas eram ribeiros. As avenidas rios. As praças lagos. Finalmente abrigou-se num toldo de uma loja consumida pelo tempo, onde já ninguém ia. O odor húmido que saia pela estreita porta fazia com que a respiração se tornasse pesada e ofegante. Por entre o barulho ensurdecedor das gotas de chuva que caiam nos carros ouviu uma voz tímida dizer "pode entrar se quiser, cá dentro está mais quentinho". Entrou e, enquanto os seus olhos se acostumavam à escuridão que preenchia a pequena loja, tentou encontrar um sitio para pousar a mala que trazia consigo. Aproximou-se dele um velhote. Franzinho, com os seus poucos cabelos desguedelhados, camisola azul de lã tricotada há muito tempo e com uns óculinhos redondos pendurados na ponta do nariz. Qual avô, perguntou carinhosamente se estava tudo bem. O miúdo que acabara de chegar responde com um aceno de cabeça e com um sorriso, enquanto agarra a toalha que o anfitrião lhe estendia. Enxugou o cabelo e a face e ajeitou-se. Só então começou a olhar à sua volta: estava na oficina de um velho chapeleiro. Os chapéus de todas as cores e feitios pendurados por toda a parte denunciavam a arte do ancião, e o pó e o cheiro que por lá abundavam mostravam que não havia já quem apreciasse tal obra. Vendo o convidado tão pouco à vontade, o velho lisboeta disse "Não precisas ficar incomodado, nem precisas de ficar a fazer-me companhia por teres pena de mim. Convidei-te a entrar para te ajudar, não para que me ajudasses a mim. Estou velho e ultrapassado, tal como tudo o que aqui está dentro, já não me ligam nem ao que eu faço, e eu, sinceramente, também já não sei se me importo. O tempo passa e as pessoas vão ficando de lado, vão passando de moda, tal como os meus chapéus. São deixados de parte. Antes, quando vinha para aqui com o meu avô e com o meu pai, aprender a fazer chapéus, a rua estava cheia de gente a passear e ás compras, e de putos a jogar à bola, mas hoje, só vês pessoas de mapa e garrafa de água na mão, com as caras queimadas e com olhar de perdido. Por isso não te aflijas, não te sintas incomodado, se não ficares aqui já estou habituado a ficar sozinho". Com o olhar mais sério do mundo, com as lágrimas a brilhar no canto do olho, e com um nó no estômago, consegue apenas expelir uns sons tímidos: "Tenho muita pena que assim seja". O velho, com um sorriso triste diz "Parece que parou de chover" e vê-o ir-se embora de mala na mão. Semanas passaram até que o jovem que tinha corrido na chuva voltasse a ter coragem para se confrontar com o que tinha acontecido, e mal o fez deixou-se cair angustiado: como fora frio ao ponto de deixar ali aquela pobre alma sem mais ninguém no mundo? Pegou na mala, falou com o manda-chuva e correu: o tempo escasseava! Chegado à porta onde meses antes tinha sido convidado a entrar, nota que já lá não estão os chapéus, nem o pó, nem o cheiro a humidade, nem o velhote. Estão agora caixas e prateleiras, vai-se tornar numa loja de outra coisa qualquer, talvez numa loja do chinês, não voltará a ter a magia que outrora tivera. Foi tarde de mais.

quinta-feira, 15 de março de 2012

terça-feira, 13 de março de 2012

domingo, 11 de março de 2012

Bairro Alto.

Estou de volta! Aproveitei a tarde de sol para dar uma volta pelo Bairro.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Sem título.

Não tenho escrito muito porque Lisboa me tem dado tanto para fotografar...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Romantismo.

Num banco de jardim, os portugueses mostram que, apesar da crise, continuam a ser um povo romântico.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sarjeta.

Custa-me ver a apatia das autoridades competentes face ao estado das sarjetas da capital. Anunciam chuva para o futuro próximo, e aposto que vamos estar, novamente, perante um cenário que "ninguém estava à espera".

Browser.

Internet Explorer < Mozilla Firefox < Safari < Google Chrome

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

É complicado.

É complicado, muito complicado. Falo de interagir com as pessoas. Mais especificamente, dos feitios das pessoas. Há-os piegas, amigáveis, apáticos, que não gostam de cebola, conflituosos, doidos. São tantos que tenho a certeza que não há ninguém que consiga lidar com todos. Freud não iria entender Bush. Ghandi não iria aguentar com Hitler. Acho que Júlio César ia compreender Napoleão.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

"Para ser grande, sê inteiro" de Ricardo Reis.

Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Lisboa, outra vez.

Nunca me farto. Em Lisboa nada é igual dois dias seguidos.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Noon.

Final de tarde num dos muitos terraços de Lisboa.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

14 de Fevereiro.

Hoje é dia 14 de Fevereiro. Uma terça-feira como qualquer outra, diz a maior parte dos solteiros. Os mais inspirados dizem que também é o dia dos solteiros e saem com os amigos. Sendo solteiro e estando cansado prefiro ficar por casa, e não ir atrapalhar todos os casalinhos felizes que hoje passeiam pela capital. Para todos eles, Feliz dia de São Valentim.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Borboleta.

A minha irmã é que me chamou a atenção para a borboleta. Apesar da câmara não ser muito boa, dá para ver a beleza do bicho...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Couves e Pips.

Os meus cágados. Eram da minha avó e devem ter uns 15 anos.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Sem título.

O que vem a seguir a desesperado? É que o que quer que seja é o meu estado de espírito... porque é que eu sou um nabo a mexer com isto dos blogues?

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Graciosa.

A qualidade dá foto é péssima - foi tirada com o telemóvel - mas a vista é fantástica. Num dia em que o mar estava agreste é possível ver em primeiro plano os ilhéus do Carapacho e em segundo plano a Caldeira com o topo coberto de nuvens. Da próxima tenho que levar uma câmara de jeito...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Sem título.

Porque é que fazem questão de me fazer querer tanta vez voltar para "casa", onde faço as coisas como quero, à minha maneira?

Sem título.

Tou a ficar frustrado com isto de tentar mudar alguma coisa no blogue. Sinto-me um passageiro a tentar aterrar um Boeing 747 cheio de passageiros num porta-aviões...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

C'est la vie.

Estou deitado a aproveitar as minhas férias. Quer dizer, ainda não são férias, são mais uma ilusão fantástica de que nunca mais tenho que fazer mais nada. Espero que a ilusão se prolongue até saírem as notas que faltam, e também espero que quando saírem as notas passe de ilusão para realidade.

Porém existe um lado bem menos positivo nisto tudo... acaba a faculdade, acaba o ir para a faculdade, acaba o "não faz mal ficar até mais tarde, amanhã falto à aula da manhã". Começa o "até amanhã pessoal, amanhã vou trabalhar cedo". Pelo menos é assim que acho que funciona...

Não vou dizer que nunca mais vou estudar, porque eu quero voltar a estudar. Sim é estúpido e parvo da minha parte, mas às vezes temos que ser assim para nos sentirmos realizados. Tenho aquela ideia, provavelmente bastante idiota, de querer ter um outro curso, de uma área completamente diferente. Biologia Marinha ou Direito, algo assim do género, que expandisse bastante os meus horizontes. Mas tudo isso num futuro ligeiramente distante, após uma pós-graduação na minha área.

Agora resta-me desejar sorte a quem ainda tem que estudar e fazer exames, ir beber umas cervejas com o pessoal e depois dormir até não conseguir mais.

Cuidem-se!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Sem título.

Sei que já é quinta, e que isto está parado... mas a culpa é do exame.
A tormenta está quase a passar e as férias já estão mesmo ali ao virar da esquina.

I'll be back.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Fiat 500.


É o carro das mulheres. Digo mais, é o carro das mulheres bonitas. Vou tentar explicar a teoria.
O discurso, ao contrario do que normalmente acontece, vai parecer um pouco agressivo, machista e, se calhar, desrespeitoso, e isso porque é um discurso um pouco agressivo, machista e, se calhar, desrespeitoso.

Ora bem, um estudo cientifico (feito por mim e mais alguns amigos meus) observou uma amostra considerável (alguns de nós afirmam ser quase 200 carros/mulheres enquanto os outros dizem que estamos a contar os mesmos carros duas vezes e possivelmente nem temos uma amostra de 100 pares Fiat 500/mulher) da espécie em questão (parelha de Fiat 500 com a respectiva condutora) e chegou-se à conclusão de que em 90% dos casos temos uma mulher bonita e extremamente atraente atrás do volante, concluindo-se assim que o Fiat 500 é o carro das mulheres bonitas.
Não quer isto dizer que não hajam mulheres bonitas a conduzir outros carros, temos, por exemplo, o New Beetle, o Citroen C3 e, mais recentemente, o Audi A1 (que é um carro um bocado estranho, pois parece qualquer coisa nascida de uma relação de um Fiat 500, a mulher da relação, com um Audi A3, o homem, e que no fim a custódia da foi para a Audi...). Há mulheres bonitas a conduzir esses carros, mas por favor... se for uma rapariga e conduzir um Fiat 500 há 90% de probabilidade de ser bonita e fisicamente atraente.
Tenho a certeza que grande parte dos homens já tinha falado ou sequer pensado nisto, dai ter surgido a necessidade deste importantíssimo estudo cientifico.
Outra coisa que se notou durante o estudo foi que, ao que parece, os pombos também acham o carro extremamente apelativo.

Meninas, conduzam com cuidado, não me estraguem a estatística.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Sem título.

Depois de ter andado a passear pela blogosfera, cheguei à conclusão de que o meu blogue precisa de outra actualização. Uma actualização grande, a nível estrutural e estético.

Mas isso vai ter que ficar para depois dos exames...

sábado, 28 de janeiro de 2012

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Exames.

Já escrevi sobre os exames mais do que uma vez. Quando tenho que estar a estudar apetece-me escrever sobre a razão porque devia estar a estudar (maldito cérebro, que não consegue definir prioridades...).
Na época de exames ocorre sempre um fenómeno paranormal: surgem mil novos interesses, aparecem duas mil novas músicas, caem do céu três mil sites que "tenho que ver agora", emergem... vá, já perceberam...
Ontem, após o exame, decidi tirar o resto do dia para descansar. Não me apeteceu fazer nada. Não me apetecia jogar, não me apetecia ler, não me apetecia ver nenhum filme, até fui para a cama sem estar com sono. Hoje que devia estar a estudar, apetece-me jogar, escrever no blogue e até ler os artigos mais chatos que vão publicando no facebook. Já fiz brownies, já arrumei o quarto, já fui dar uma volta, já arranjei e continuo a arranjar todas as coisas possíveis para adiar o estudo, mas lá no fundo sei que vão-se esgotar as ideias e eventualmente vou ter que começar a estudar, é sempre assim.
Damn.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Mega treta.

Que os americanos tem a mania que mandam no mundo já eu sabia, mas nunca liguei muito a isso, mas agora passaram da mania ás acções.
Invadiram um punhado de países com a mania que iam levar a liberdade ao povo e a gente até engoliu, afinal mesmo sabendo que era por causa de petróleo e por causa de financiar a máquina industrial de guerra americana a cantiga do "levar a liberdade" até caia bem no ouvido. Fizeram isso e tudo bem, meia dúzia de países revoltaram-se, atiraram umas pedras e uns sapatos, gritaram na rua e pintaram numas paredes.
Agora sem guerras para travar (não por falta de candidatos a próximo país invadido, apenas porque é um momento delicado para começarem outra guerra...), os americanos ficaram com fome de criar transtorno a alguém. Qual a solução? SOPA.
A primeira baixa dessa guerra foi o site Megaupload, e, para que se tenha noção, a baixa que o Megaupload é para o país que é a Internet é comparável à baixa que seria, por exemplo, a cidade de S. Francisco para os americanos.
Podem invadir os paises que quiserem, podem dar cabo da economia, podem voltar a eleger um Bush, mas não dêem cabo do site que me fornece as séries online.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Ave César!

Olhou para o lado e viu um dos bárbaros avançar com um machado de guerra que parecia pintado a sangue na direcção do seu irmão. Gritou por ele e lançou-se na sua direcção. O tempo parecia ter abrandado, cada passo era dado mais devagar que o anterior, cada silaba que saia da sua boca voava mais devagar. O bárbaro parecia imune ao abrandamento, seguia a correr, empunhando o temível machado.
Por entre os corpos dos que já tinham caído na batalha, o legionário corria desalmadamente, sentia que se o machado descesse a réstia de alma que sobrava nele ia abandoná-lo. Já tinha visto demasiados amigos morrer por causa de um império decadente, demasiados haviam dado o corpo e a alma para que a obra megalómana vivesse. Já tinha visto os pais morrerem queimados pelos que se diziam aliados. Já tinha visto o seu outro irmão trespassado por uma lança como se fosse um animal. Tudo o que tinha estava agora ameaçado por um machado ensanguentado.
Os poucos metros que o separavam do bárbaro pareciam as imensas leugas que separavam a Bretanha, onde agora corria, da sua amada Germânia.
Num grito atirou-se de espada em punho para cima do enorme bárbaro que tinha o tamanho de um urso e cabelos que pareciam a crina de um cavalo e que maneja o enorme machado como se de um pau se tratasse.
A espada atravessou-o. O olhar do gigante bárbaro transparece surpresa, com o calor da batalha nem o tinha visto chegar. Morre ali mesmo, aos pés do pequeno legionário, cai como se de uma árvore se tratasse.
Chegou tarde, a sua espada atravessou-o, mas não antes do machado ter feito o seu amado irmão em dois. Cai sobre os joelhos e brada a Júpiter e a Marte. Enraivece-se e fervilha de ódio. O resto de alma que em si havia tinha ido.
Arrumou a espada e pegou no seu defunto irmão. Carregando-o ao ombro entrou pela floresta hostil como se de casa se tratasse.
Cavou com as mão até que delas não se visse mais nada que não sangue, e destroçado enterrou o ultimo que lhe era querido. As lágrimas caiam em cima da armadura do irmão, o som que faziam tornava-se arrepiante, tal era o silêncio na floresta.
Ao acabar pôs-se de pé, limpou as lágrimas, sacudiu a terra, limpou a lâmina da sua espada. Deu um grito do fundo das entranhas que gelou a já silenciosa floresta e correu de volta o cemitério que o campo de batalha se tinha tornado.
Naquele dia nem um bárbaro voltou, fosse homem, mulher ou criança. Nesse dia um romano deixou de ser gente.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Uma ou outra.

Das duas hipóteses que tenho, acabar o trabalho de Prótese Maxilo-facial e estudar Técnicas Laboratoriais de Ortodontia II, escolhi uma terceira. Não fazer absolutamente nada disso.
Ouvir música, ver o que há de novo no 9gag, escrever no blogue, ir buscar uma bola de gelado para comer no quarto (que com o aquecedor ligado já parece uma ilha nas Caraíbas... graças a Deus que é o senhorio que paga as contas...), arrumar a roupa que está em cima da cadeira faz já uma semana... tudo parece tão importante e interessante para fazer.
Até tenho a certeza que mal acabe de postar isto vou tirar uns minutos para pensar no sentido da vida ou para ir ver a tradução de uma música de uma banda lituana que um amigo meu postou no facebook. Tudo vai acontecer menos o que tem que acontecer.
É sempre assim.

Sem título.

Tou com aquele cansaço que só passa com umas férias.
Não estudo até à exaustão nem algo que se pareça. Mas estudo o suficiente para ficar cansado. Metade das cadeiras do semestre estão feitas e ainda nem estamos na fase de exames. Deu trabalho.
Preciso sair de Lisboa uns dias.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sem título.

É importante saber quando desistir.
Tão importante quanto saber como começar.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O meu quintal.


Todos os praticantes de caça-submarina tem um quintal.
Passo a explicar, o quintal é um lugar perto de casa e onde o caçador vai regularmente. O quintal também é conhecido por nunca deixar o caçador vir para casa de mãos a abanar e por dar um ou outro troféus.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

É só mais uma história. Parte 1.

Toda a história começa com alguém a fazer alguma coisa sem qualquer importância. Esta não é excepção.
O João era um rapaz calmo, que gostava de origami. Acrescentava autenticas obras de arte feitas de papel à sua já bastante considerável colecção sempre que podia. Os animais eram os seus predilectos: tentar passar a vivacidade do animal para um pedaço de papel dobrado um milhão de vezes era o verdadeiro desafio. Esta história começa assim. Com o João a fazer origamis. Eram ursos. Castanhos e pequeninos. Sentado na sua secretária, num dia como todos os outros.
Fazia uma dobra a seguir à outra, parecia que já começava a ver os ursos a passear pela planície do teclado do computador ou a subirem à montanha das folhas de trabalhos por fazer. A meio de uma outra dobra qualquer ouviu alguém a subir calmamente os degraus que davam para o seu quarto. Fez-se um momento de silêncio. Todos conseguem descobrir quem vem a subir os degraus: pela velocidade, pelo arrastar dos pés, pelo peso que coloca em cada passada, por quão ofegante fica por causa da maldita asma.
Não reconhecia os passos. Deixou de fazer o origami desinteressante com que começamos a história. Ficou a olhar fixamente para a porta, esperando ansiosamente para saber a quem correspondiam os passos de velocidade média, pouco arrastados, que batiam na madeira como se fossem duas pedras e que pelos vistos não faziam a alma que subia as escadas ofegar. Na sua mente já pintava uma mulher alta e de pernas finas, que subia confiantemente os degraus com uns saltos fabulosos. Nem mais, nem menos.
A porta começa-se a abrir, o coração como que pára durante um cagagésimo de um segundo. A excitação apodera-se dele.
Ao ver a sua prima Ana entrar no quarto não reage. Não reage porque não a reconhece. Na semana anterior haviam passado 9 anos que não se viam. Ela era agora uma mulher feita, e ele um engenheiro que ainda vivia com os pais e que só saia de casa para trabalhar.
Mas para esta história ter um desenvolvimento interessante e onde podem acontecer coisas bonitas como é suposto, tem que haver uma revelação importante e que lhe dê um rumo.
Nesta história vão haver duas.
A primeira revelação é algo que ambos os intervenientes sabem, mas que até agora foi omitido a quem lê. O João e a Ana não são mesmo primos, são apenas dois jovens que foram criados juntos. Viviam porta com porta, eram inseparáveis. Na inocência que só as crianças têm começaram a tratar-se por "primos". A coisa pegou. Eram primos.
Volvidos 9 anos era tudo diferente. Ainda se conheciam como poucos e já não tinham a inocência que outrora tiveram. A Ana perdeu toda a timidez e tornou-se uma mulher moderna ao ir para a faculdade. O João continuou tímido, como acontece muito na área pela qual se aventurou.
Sentaram-se na cama que estava cheia de roupa que se encontrava num estado entre "usada" e "para lavar". Puseram a conversa em dia. Falaram por horas a fio. Olharam-se várias vezes timidamente nos olhos.
O dia avançava a passos largos para o fim, até que a Ana pegou carinhosamente na mão do João e disse-lhe: "anda, tenho uma coisa para te mostrar".


Por agora não me apetece continuar... quando me der na telha sigo com a história.

Baixa no natal.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Talento.

Ando numa preguiça anormal. Não sei se por ter tanto para fazer ou se mesmo por talento natural para a coisa. Isto de ter muita coisa para fazer tem muito que se lhe diga. É chato, é cansativo e é desmotivante. Quantos mais volumes se acumulam na secretária, menos vontade há de olhar para eles. É como tudo o que existe em demasia, perde o interesse.

Voltando à preguiça, isto tem-me batido forte: tive um raio de umas férias ao grandes e nunca me apeteceu fazer nada relacionado com a faculdade. Quer dizer, gastei duas horas a fazer parte de um trabalho no último momento possível. Outra vez, não sei se deixo para o fim por preguiça ou se por saber que tenho melhores resultados a trabalhar sobre pressão.

Ainda esta madrugada estive a fazer 4 tabelas gigantes que tinham que estar prontas hoje, e verdade seja dita, fiz tudo bem e "num instante". Entretanto a entrega do trabalho foi adiada...

Em última análise, acho que o facto de deixar tudo para a última hora não tem a ver com preguiça, tem a ver com outra coisa qualquer. Chamemos-lhe talento(?).

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sem título.

Por vezes apesar de estarmos felizes existe um vazio num canto qualquer da alma. Apesar de sorrir o tempo todo existe algo que atormenta discretamente.
Admito que a primeira vez que saí da ilha para vir para Lisboa estudar custou bastante. Depois deixou de custar.
O tempo passa e o mundo vai girando. Ninguém é poupado. Ninguém...
Subitamente voltou a custar sair do ninho para voltar à metrópole. A saudade dos pais e da irmã apertam, mas há sempre a certeza de vê-los mais uma vez. Por outro lado, os avós não estão a ficar novos. Custa cada vez mais deixá-los para trás, ver as lágrimas de um adeus que pode ser o último. Custa, muito, ver duas das pessoas que me viram e fizeram crescer a envelhecer.
Não foram só avós, foram, em conjunto com o meu pai e com a minha mãe, pais.

A Mariana, a mãe, o pai, a avó Mercês e o avô João são as pessoas mais importantes do meu mundo.
A eles obrigado por tudo.