quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

É só mais uma história. Parte 1.

Toda a história começa com alguém a fazer alguma coisa sem qualquer importância. Esta não é excepção.
O João era um rapaz calmo, que gostava de origami. Acrescentava autenticas obras de arte feitas de papel à sua já bastante considerável colecção sempre que podia. Os animais eram os seus predilectos: tentar passar a vivacidade do animal para um pedaço de papel dobrado um milhão de vezes era o verdadeiro desafio. Esta história começa assim. Com o João a fazer origamis. Eram ursos. Castanhos e pequeninos. Sentado na sua secretária, num dia como todos os outros.
Fazia uma dobra a seguir à outra, parecia que já começava a ver os ursos a passear pela planície do teclado do computador ou a subirem à montanha das folhas de trabalhos por fazer. A meio de uma outra dobra qualquer ouviu alguém a subir calmamente os degraus que davam para o seu quarto. Fez-se um momento de silêncio. Todos conseguem descobrir quem vem a subir os degraus: pela velocidade, pelo arrastar dos pés, pelo peso que coloca em cada passada, por quão ofegante fica por causa da maldita asma.
Não reconhecia os passos. Deixou de fazer o origami desinteressante com que começamos a história. Ficou a olhar fixamente para a porta, esperando ansiosamente para saber a quem correspondiam os passos de velocidade média, pouco arrastados, que batiam na madeira como se fossem duas pedras e que pelos vistos não faziam a alma que subia as escadas ofegar. Na sua mente já pintava uma mulher alta e de pernas finas, que subia confiantemente os degraus com uns saltos fabulosos. Nem mais, nem menos.
A porta começa-se a abrir, o coração como que pára durante um cagagésimo de um segundo. A excitação apodera-se dele.
Ao ver a sua prima Ana entrar no quarto não reage. Não reage porque não a reconhece. Na semana anterior haviam passado 9 anos que não se viam. Ela era agora uma mulher feita, e ele um engenheiro que ainda vivia com os pais e que só saia de casa para trabalhar.
Mas para esta história ter um desenvolvimento interessante e onde podem acontecer coisas bonitas como é suposto, tem que haver uma revelação importante e que lhe dê um rumo.
Nesta história vão haver duas.
A primeira revelação é algo que ambos os intervenientes sabem, mas que até agora foi omitido a quem lê. O João e a Ana não são mesmo primos, são apenas dois jovens que foram criados juntos. Viviam porta com porta, eram inseparáveis. Na inocência que só as crianças têm começaram a tratar-se por "primos". A coisa pegou. Eram primos.
Volvidos 9 anos era tudo diferente. Ainda se conheciam como poucos e já não tinham a inocência que outrora tiveram. A Ana perdeu toda a timidez e tornou-se uma mulher moderna ao ir para a faculdade. O João continuou tímido, como acontece muito na área pela qual se aventurou.
Sentaram-se na cama que estava cheia de roupa que se encontrava num estado entre "usada" e "para lavar". Puseram a conversa em dia. Falaram por horas a fio. Olharam-se várias vezes timidamente nos olhos.
O dia avançava a passos largos para o fim, até que a Ana pegou carinhosamente na mão do João e disse-lhe: "anda, tenho uma coisa para te mostrar".


Por agora não me apetece continuar... quando me der na telha sigo com a história.

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