segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Dor.

Hoje numa aula de sociologia, por entre várias frases chave por parte dos oradores, fiquei "preso" a uma questão.

Qual será a pior dor de uma pessoa deformada por operações que lhe deram mais umas semanas/meses/anos de vida? A dor física proveniente dos tratamentos, a dor mental de saber que o tempo se está a esgotar, ou a dor psicológica da perda de identidade?

Não me atrevo a responder. Ou sequer a sugerir qualquer uma delas.

Será que a dor física? Aquela que desde pequeninos temos medo. Aquela que vai desde uma picada de uma agulha até um joelho esfolado. De um osso fracturado a um membro amputado. Sabemos que dói. Não sabemos o quanto pode doer.

Será a dor de ver o tempo a estreitar? Saber que não vamos viver tempo suficiente para arranjar alguém que nos complete, para ver o casamento do filho ou mesmo para ver a neta crescer. Angustia pensar nisso.

Será que a perda de identidade é pior? Por perda de identidade entendo sofrer tantas mudanças físicas ao ponto de alguém se tornar irreconhecível. Ou mesmo só diferente. Um dedo. Uma mão. Um braço. Uma perna. O cabelo. A cara.

Não anseio por descobrir qual delas a pior.

Haja saúde.

3 comentários:

  1. Nao tenho grandes duvidas: a dor psicologica da ampulheta.

    Todas as outras sao muito mais facilmente superaveis se soubermos que sao estados transitorios.

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  2. Infelizmente, posso partilhar que não há maior dor que a de ver o tempo a estreitar, não há pior sensação para ambas as partes da história.. Pior que a dor, pior que a perda de identidade, pior que viver sem esperança é chegar ao ponto desta nos faltar. Tudo o que vem, um dia irá voltar ao ponto de partida, mas nunca estamos realmente preparados para dizer adeus, nada na vida nos amedronta mais que a verdade.
    Todos dizemos que gostamos da verdade, mas isso não passa de um pensamento banal com o qual somos obrigados a crescer. Quando somos confrontados com uma verdade que dói, quando somos impotentes em relação a um final feliz, nestas situações nós gostavamos que nos mentissem, qualquer um gostaria de viver numa ilusão feliz, todos nós queríamos mais um minuto, só mais um momento, só mais uma alegria.
    Mas claro que a vida nos ensina e obriga a aprendermos as coisas das piores maneiras, também só assim poderiamos recordá-las para sempre. Só assim poderiamos acordar felizes por hoje ser mais um dia onde podemos viver para sempre, na nossa realidade ou na nossa ilusão que o hoje será melhor que o ontem, mas o amanhã será muito melhor... Mesmo que isso implique um pouco de sofrimento.

    Hoje perdi-me por aqui, mas encontrei-me num lugar muito próximo. Obrigado Tiago

    E agora que é natal, aproveito para dizer que a grande custo que aprendi que o Natal é a família e a felicidade de mais um momento passado junto dos que amamos, não são as prendas, nem são as mensagens encaminhadas para todos os contactos do telemóvel.
    Feliz Natal a todos, e um desejo para 2012: SAÚDE!

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