sábado, 12 de novembro de 2011

Mudança.

Ele descia a rua, como todos os dias. Enchia os pulmões com o fumo dos carros que passavam, como todos os dias. Cantarolava e assobiava, como todos os dias. Via as mesmas pessoas de todos os dias. Porém, não era só mais um dia qualquer.

Ao passar por uma paragem de autocarro, como todos os dias, viu a senhora estendida no chão. Inanimada, desprovida de vida. Paralisou, gelou. Olhou em redor, clamou por ajuda. Parecia que de um momento para o outro a rua ficara deserta. Nem sinal de viv'alma!

"Não a posso abandonar assim" pensou. Era a primeira vez que contactava com um morto, com alguém cuja alma já não estava. Sentia um vazio que o preenchia.

O medo passou, e só conseguia pensar em qual seria a história daquela senhora. Teria filhos ou netos? Também passeava pelas ruas todos os dias como ele? Iria deixar saudades? Iria mudar alguma coisa?

A ajuda chegou. Inútil para a pobre dama que já vagueava às portas do purgatório, mas de extrema importância para o pobre jovem que ainda nem conseguia falar.

Não penses que pode ser só mais um dia na tua vida, pois ele pode sempre mudá-la.

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